A Nike é uma das marcas mais celebradas do mundo desportivo. Patrocinador oficial de múltiplas equipas desportivas por todo o mundo, esta multinacional conta com uma história notável que se mantém viva e que, de ano para ano, continua a ter novos capítulos.
Mesmo que a Nike como a conhecemos hoje só tenha chegado ao mercado em 1971, a ideia surgiu cerca de vinte anos antes, em 1950, num local muito peculiar: uma sala de aula da universidade de Stanford, nos Estados Unidos, durante uma aula de MBA de Phil Knight.
A ideia de Knight, um antigo atleta de corridas de média distância da universidade de Oregon, passava por importar sapatilhas fabricadas no Japão, utilizando mão-de-obra barata, para que assim uma nova marca conseguisse conquistar quota de mercado mercado à alemã Adidas.
Entre 1950 e 1970, o mercado desportivo começou a moldar-se e sofreu grandes alterações que ditaram o momento certo para a Nike entrar no mercado. O mercado torna-se iminente com o aumento de competições, treinos e até mesmo da mudança da indústria, que beneficia principalmente de mudanças a nível de marketing.
Knight forma então parceria com o antigo treinador de atletismo da Universidade de Oregon, Bill Bowerman, e os dois partem para o Japão para procurar uma distribuidora de calçados de corrida nos EUA. Ao assinarem acordo com a produtora Onitsuka Tiger, põe então em marcha o plano que tinham delineado e começa a circular nos Estados Unidos uma alternativa ao calçado da Adidas: as sapatilhas de corrida da Blue Ribbon Sports.
Blue Ribbon Sports? Sim, este foi o nome da empresa de Knight e Bowernman numa fase inicial. Os dois sócios contavam com tarefas distintas que tomavam grande parte do seu tempo. Mesmo que as sapatilhas continuassem a ser fabricadas e enviadas pela empresa japonesa, Knight encarregava-se da distribuição nos Estados Unidos enquanto Bowerman se focava em analisar o calçado e perceber como o melhorar, tornando-o mais leve.
Quando há uma ruptura com a Tiger, os dois norte-americanos à frente da Blue Ribbon Sports reconhecem que chegou a oportunidade para lançar uma marca própria e para começar a produção de calçado: é aqui que começa a marca.
A partir do momento em que a Nike chegou ao mercado, é instalada uma verdadeira revolução e consolidado um ícone que perdura até aos dias de hoje: o bem conhecido Swoosh, utilizado como logo da marca, torna-se num símbolo de referência. Hoje olhamos com alguma surpresa para o valor que a marca pagou por este símbolo milionário: uns meros 35 dólares.
No que diz respeito ao nome, a inspiração adveio de uma figura da Antiguidade Clássica, a deusa grega da vitória, Niké, que segundo a mitologia podia voar e correr em grandes velocidades. Entretanto, Bowerman mantém na direcção de equipas de investigação e produção, preparando um dos modelos mais icónicos da marca: o Moon Shoe.
Em 1972 o negócio começa a ganhar ritmo quando a Nike fecha o primeiro contrato de patrocínio com Ilie Nastase que, em 1973, se tornaria o melhor tenista do mundo. Este é um dos primeiros embaixadores da marca e sem dúvida um dos mais memoráveis. Segue-se Steve Prefontaine, em 1974, o primeiro contrato de patrocínio com um atleta profissional de alta performance, que se torna nesse mesmo ano no maior corredor de longa distância da história.
Até à década de 80 a Nike consolida-se no mercado norte-americano introduzindo diferentes gamas de calçado desportivo. Na sequência do NIKE CORTEZ, as primeiras sapatilhas de corrida da marca, chegam as NIKE BLAZER MID, destinadas a jogadores de basquete e uma série de outros modelos, nomeadamente um para o público infantil.
Procurando conquistar mercado na Europa – e confiante de que o conseguiria fazer – a Nike chega começa então nesta década a distribuir os seus produtores no continente europeu. Ao mesmo tempo, começa a fazer os primeiros investimentos em calçado não desportivo, esperando alargar o meio de atuação.
A entrada na Europa marca também o início duradouro de uma relação com o Mundo do Futebol. Logo em 1982, o clube francês de futebol Paris Saint-German foi o primeiro clube a ser patrocinado pela Nike. E poderiam ter escolhido melhor equipa para patrocinar? A Taça de França é conquistada pelo Paris Saint-German nesse mesmo ano, colocando os olhos do mundo no Swoosh da Nike.
Mas esta maré de sorte e triunfo foi ligeiramente abalada em 1983 quando a Nike sofre a sua primeira grande crise no mercado: o lançamento de uma linha aeróbica da Reebok faz com que percam a liderança no mercado norte-americano. Numa tentativa de superar este percalço, a Nike aplica uma estratégia que não só vem salvar o negócio como o impulsiona para a frente: o patrocínio do basquetebolista Michael Jordan. As sapatilhas Nike Jordan – que são em si mesmas uma dedicação ao jogador – torna-se no produto de maior sucesso da marca.
O icónico slogan Just Do It, que se mantém até hoje, surge então em 1988 repercutindo-se no mercado não apenas como um marco importante para a história da empresa, mas também como uma referência no mundo do marketing. Mas a Nike tinha ainda muito caminho para andar!
Com o início da nova década surge a primeira loja da marca, a Niketown, que reunia num único local os diferentes produtos da Nike de acordo com as modalidades desportivas, para além de proporcionar ao consumidor um espaço confortável onde podia aprender mais sobre a própria marca, como os atletas que por ela estavam a ser patrocinados.
Entre 1993 e 1997, a Nike passou de novo por uma crise, desta vez demarcada por uma polémica grave: a marca era acusada de usar mão de obra infantil no continente asiático, a fim de facilitar o seu plano de expansão. Como resultado, sofreram grandes quedas de vendas e faturação, enquanto a Nike se esforço para reparar os danos provocados à sua reputação.
Em pleno ano de 2017, a Nike continua a ser uma referência no mercado desportivo. Além dos produtos destinados a modalidades desportivas mais comuns, como o futebol, basquetebol e corrida, a empresa tem procurado responder a múltiplas necessidades do mercado e a encontrar certas soluções para outras modalidades.
Hoje podemos encontrar o logotipo da marca em certos produtos como bolas de golfe, óculos de sol, roupas (especiais para desporto ou não), equipamentos e dispositivos equipados com tecnologia de ponta. Tudo isto é o resultado de anos de experiência, sabedoria e empreendedorismo, tal como o esforço incansável para reunir investimentos e aplicar estratégias de marketing que façam sobressair a Nike no mercado pelos melhores motivos.
No que diz respeito aos seus fundadores, já nenhum deles faz parte da empresa. Bowerman faleceu em 1999, tendo dedicado os últimos anos da sua carreira à marca ao passo que Knight, o fundador, se retirou da empresa em junho de 2016, após ter comunicado a sua saída no ano anterior. Ainda assim, os dois serão sempre recordados como lendas.