Considerado por muitos o melhor jogador de todos os tempos, Maradona arrastava multidões aos estádios. No entanto, o seu percurso impressionante nunca lhe valeu o prémio de melhor jogador do mundo. Sim, parece inacreditável, mas o astro argentino nunca conquistou a Bola de Ouro da FIFA.
Nascido em Lanús, Buenos Aires, a 30 de Outubro de 1960, Diego Armando Maradona Franco foi, sem sombra de dúvida, um dos mais talentosos jogadores de todos os tempos.
A facilidade com que ultrapassava os adversários, as mudanças rápidas de velocidade ou de direcção, a forma como rodopiava sem perder o controlo da bola, a enorme capacidade de concretização – em jogada corrida ou de bola parada, elevaram-no ao estatuto de deus entre alguns dos seus conterrâneos.
Foi até fundada a Igreja Maradoniana, tal era a veneração que lhe dedicavam. Qualquer amante do desporto-rei se deleitava ao vê-lo jogar! Conquistou o mundo ainda muito jovem, mas o ponto alto da sua carreira registou-se aos 26 anos, quando carregou às costas a selecção argentina rumo ao Título Mundial, no México, em 1986. No entanto, nesse ano, o prémio de jogador do ano seria entregue ao soviético Igor Belanov.
O início do percurso brilhante de Diego Maradona
Despontou para o futebol aos 9 anos, no modesto Argentinos Juniores e, aos 17, foi chamado a representar a selecção do seu país pela primeira vez. Em 1978 sagrou-se o melhor marcador do campeonato, feito que repetiria nos dois anos seguintes.
Em 1979 foi considerado o melhor jogador sul-americano, tendo repetido a distinção em 1980. Nesse ano levou o Argentinos Juniores ao segundo lugar do campeonato, o melhor resultado da equipa até então.
As verdadeiras obras de arte que realizava com o pé esquerdo, e as multidões que arrastava aos estádios, não deixavam ninguém indiferente, e o Boca Juniors avançou para a sua contratação em 1981.
Concretizava-se assim um sonho de infância de Maradona, que sempre fora adepto do Boca. No primeiro jogo oficial com o novo emblema, contra o Talleres de Córdoba, Maradona marcou por duas vezes, numa vitória por 4-1, perante 65 mil adeptos.
Por entre os jogos oficiais eram realizados muitos jogos amigáveis, para arrecadar receita, ajudando ao surgimento de uma Diegomania. É o próprio jogador que refere, na sua biografia que, naquela altura, nem tinham tempo para descansar, tantas eram as viagens para realizar jogos, oficiais ou amigáveis.
Nesse ano, o Boca arrecadava o título metropolitano, prova que se disputava entre as principais equipas de Buenos Aires e que, à época, era considerado mais importante do que o campeonato nacional. Era o primeiro título da equipa em cinco anos.
Diego Maradona: O caminho para a Glória
Antes do Campeonato do Mundo de 1982 em Espanha, o Barcelona acorda com o Boca Juniors a contratação da sua estrela por um valor record de 7 milhões de dólares e é recebido na Catalunha em apoteose. No entanto, os dois anos que aí permaneceu tiveram altos e baixos, com dificuldade de adaptação, lesões, castigos, desentendimento com a direcção, culminando com a sua venda ao Nápoles, um modesto clube italiano.
Foi novamente recebido como um rei por uma multidão incrédula com a sua contratação. Aliás, o espanto foi geral, uma vez que se falava no interesse do clube mais ganhador em Itália, a Juventus.
Na primeira época o Nápoles não foi além do oitavo lugar, ficando em terceiro na segunda época de Maradona no clube.
Na Copa do Mundo do México 1986, Maradona obtém a consagração máxima, levando a sua Argentina ao título mundial e, na época seguinte (1986-87), arrecada para o Nápoles o seu primeiro título nacional.
Nas duas temporadas seguintes o Nápoles deixa escapar por pouco a oportunidade de voltar a sagrar-se campeão de Itália. No entanto, em 1988-89 conquista o seu primeiro título internacional, vencendo a taça UEFA.
O consumo de drogas levaria ao fim precoce da carreira do astro argentino, que ainda participou no Mundial de 1994 nos Estados Unidos, onde foi afastado de forma duvidosa da prova após apenas 2 jogos devido alegadamente a doping, num caso que fez correr muita tinta.
Na altura, a FIFA e Maradona já tinham protagonizado demasiados episódios que desgastaram o argentino. Foi um final triste para um dos melhores jogadores de sempre, que ainda deixou a sua marca com um golo estupendo no seu último jogo em Copas do Mundo.
Apesar disso, coleccionou uma invejável quantidade de títulos e distinções:
PELO BOCA JUNIORS
1 Campeonato Metropolitano
PELO BARCELONA
1 Taça do Rei, 1 Taça da Liga Espanhola, 1 Supertaça de Espanha
PELO NÁPOLES
1Taça UEFA, 1 Campeonato Italiano, 1 Taça de Itália e 1 Supertaça de Itália
PELA SELECÇÃO ARGENTINA
1 Campeonato do Mundo, 1 Troféu Artémio Franchi, 1 Campeonato do Mundo de Sub-20 e o Troféu do 75º Aniversário da Taça da FIFA
FOI O MELHOR MARCADOR:
Na Argentina:
Campeonato nacional: 2 vezes
Campeonato metropolitano: 3 vezes
Em Itália:
Campeonato italiano: 1 vez
Taça de Itália: 1 vez
PRÉMIOS INDIVIDUAIS
FIFA 100: 2004
Bola de Ouro da Taça do Mundo da FIFA: 1986
All-Star Team da Taça do Mundo da FIFA: 1986, 1990
Melhor Jogador do Mundo eleito pela World Soccer: 1986
Onze d’Or: 1986, 1987
Guerin d’Oro: 1985
Melhor Jogador Sul-americano do ano eleito pelo jornal El Mundo: 1979, 1980
Melhor Jogador do Mundial Sub-20: 1979
Melhor Jogador Argentino do Ano pela Associação de Jornalistas da Argentina: 1979,1980, 1981, 1986
Bola de Bronze da Taça do Mundo FIFA: 1990
Melhor Jogador do Século XX da FIFA (votos de internautas): 2000
3º Maior Jogador do Século XX pelo Grande Júri FIFA: 2000
2º Maior jogador Sul-americano do século XX pela IFFHS: 1999
5º Maior jogador do Mundo do Século XX pela IFFHS: 1999
2º Maior jogador do século XX pela revista France football: 1999
Equipa dos Sonhos da FIFA: 2002
Prêmio Olimpia de Oro (Melhor atleta argentino do ano): 1986
The Times – maior jogador da história das Taças do Mundo: 2010
La Gazzetta dello Sport – Melhor Jogador de Todos os Tempos: 2012
Corriere dello Sport – Melhor Desportista da Historia: 2012
Melhor Jogador da Historia pela revista “Four Four Two”: 2017
Melhor jogador das Taças do Mundo pela revista “Four Four Two”: 2018
Um percurso impressionante que nunca lhe valeu o prémio de melhor jogador do mundo, a conquista da Bola de Ouro da FIFA.